Cloudflare says Perplexity uses stealth crawling techniques, like undeclared user agents and rotating IP addresses, to evade robots.txt rules and network blocks (Cloudflare)

blog.cloudflare.com/perplexity

techmeme.com/250804/p23#a25080


Cina accusa USA:attacchi con bug di Exchange.
Molti attacchi informatici contro aziende e infrastrutture negli Stati Uniti sono effettuati da cybercriminali cinesi (spesso finanziati dal governo). Nel fine settimana, la Cina ha accusato il nemico storico di aver sfruttato vulnerabilitĂ  di Microsoft Exchange per rubare dati militari.Emergono intanto nuovi dettagli sugli attacchi contro SharePoint Server

@sicurezza #cina #usa

#guerrainformativa #politicaestera

punto-informatico.it/cina-accu


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đŸ‡”đŸ‡±đŸ‡ș🇩Ukrainian-Polish expedition begins search and exhumation work in Lviv (PHOTOS and more)
ukrinform.net/rubric-society/4
 #Ukraine #NukesForUkraine #Germany #Poland #France #Italy #OSCE #PACE #CoE #SouthKorea #Press #News #Taiwan #Media #Japan #USA #US #UK #EU #NATO #UnitedStates #UnitedKingdom
#EuropeanUnion #russiaUkraineWar
#11yrInvasionofUkraine #RussiaIsATerroristState

europesays.com/fr/295951/ comment un soldat ukrainien a été sauvé par un vélo livré par drone #Actualités #EU #europe #FilInfo #GuerreEnUkraine #News #replay #Russie #Ukraine

The Fat Electrician shares his opinion(s) on FDR - worth your time & he's right, BTW.

youtube.com/shorts/iBoIKjnKjmU

Daniel Inouye's INSANE MOH Story

youtube.com/shorts/0qtE3vofJg0

relentless_eduardo reshared this.

Fabio is the opposite of a Nazi and I am sick and tired of people WHO ARE OPPOSING A LITERAL GENOCIDE being perpetrated by Israel constantly having to defend themselves from accusations of antisemitism.

The dregs of humanity who are supporting, apologising for, and complicit in Israel’s genocide are the people and instances we should be blocking here not antifascists like Fabio who is spending his time trying to get aid to Palestinians on the ground in Gaza.

Ask yourselves what kind of person tries to have someone who is trying to get aid to people who are being starved blocked on the fediverse.

And then decide who should be blocked and who shouldn’t.

(And remember that history is watching.)

#fediblock manganiello.social/objects/429


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How we built Bluey’s world

Link: itsnicethat.com/features/how-w

Discussion: news.ycombinator.com/item?id=4


Perplexity is using stealth, undeclared crawlers to evade website no-crawl directives

blog.cloudflare.com/perplexity


(via digipres.club/@dsalo/114971004
 )

> When Getty or the NYT or another media company sues an AI company for copyright infringement, that doesn't mean they are opposed to using AI to replace creative workers - they just want a larger slice of the creative workers' salaries in the form of a copyright license from the AI company that sells them the worker-displacing tool.

@pluralistic

pluralistic.net/2025/08/04/bad


I recall the SoA's case against Meta; if it'd held up, wouldn't publishers still have incentive to use AI in similar ways?

Alliance for Water Stewardship legitimises illegal occupation #WesternSahara wsrw.org/en/news/alliance-for-


Zapatista “Gathering of Resistances and Rebellions” opens in Chiapas
freedomnews.org.uk/2025/08/04/


"Indigenous leaders and international delegates meet “to resolve and organise against capitalism and all pyramids” ~ Mateo Sgambati ~ The gathering is being hosted in Chiapas by the Zapatista Army of National Liberation (EZLN), aiming “to reach an agreement on what, how, where, and why” of demolishing capitalism and all

Tomato is the mother of potato?

Chinese scientists, in collaboration with Canadian and British counterparts, revealed that the potato originated from an ancient hybridization event between the tomato plant and a potato-like plant about 9 million years ago. Published in the latest issue of the Cell journal, these findings provide a groundbreaking theoretical perspective for the genetic breeding of potatoes. - PDCNews

Sydney Harbour Bridge: Tens of thousands turn out for pro-Palestine march (BBC, 2025-08-03)

bbc.com/news/articles/clydnvw1

———
w/ a short aerial footage.

>> WikiLeaks founder Julian Assange was spotted among the protesters, with other notable attendees including federal MP Ed Husic and former NSW Premier Bob Carr.

>> Sydney-based activist organisation Palestine Action Group lodged a notice of intention for the march across the Sydney Harbour Bridge last Sunday, ...

>> The police 
 made an application to the NSW Supreme Court for a prohibition order for the event, which was declined just 24 hours before the protest was due to go ahead.

>> 
 Justice Belinda Rigg said safety concerns regarding the march were "well founded", but march organiser Josh Lees 
 had "compellingly" explained the reasons why he believed there is an urgency for a response to the humanitarian situation in Gaza


#PalestineActionGroup #JulianAssange
@palestine@lemmy.ml @palestine@a.gup.pe

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Discussion: news.ycombinator.com/item?id=4


A Dirty Farce: How Netanyahu and Trump Turned Politics into a Vulgar Circus journal-neo.su/2025/08/04/a-di


As a former #IDF soldier and historian of #genocide, I was deeply disturbed by my recent visit to #Israel
#nakba #nakba2 #zionism #IsraelTerroristState #IsraelWarCrimes #warcrimes #genocide #palestine #gaza #gazagenocide
theguardian.com/world/article/


Gérald Darmanin annule cette activité surf pour des détenus aprÚs la colÚre du RN, sauf que...


#politique #désinformation #merdias

Une petite musique fasciste de rĂ©pression imbĂ©cile... Ça marche toujours.

huffingtonpost.fr/politique/ar


Pelo respeito Ă  neolinguagem


Avisos de conteĂșdo: cissexismo, exorsexismo, exilinguismo (retĂłrica contra neolinguagem)

Este texto presume conhecimento bĂĄsico sobre questĂ”es de neolinguagem e de linguagem pessoal (clique nos links para aprender sobre). Se o que vocĂȘ procura Ă© uma defesa mais educativa a favor do conceito, confira Os argumentos contra a neolinguagem e/ou Em defesa da neolinguagem.


Quero compartilhar isso aqui por conta de aparentemente ainda ser uma questĂŁo controversa, mas vamos lĂĄ:

Reclamar de neolinguagem Ă© uma microagressĂŁo.

A reação de estranheza com palavras novas é natural. A estranheza com a neolinguagem em particular, porém, causa muito mais reaçÔes negativas do que gírias, nomes de empresas ou até mesmo estrangeirismos sendo importados para a língua portuguesa por questÔes de praticidade.

E, a questão é: neolinguagem não é só uma proposta teórica nova que ninguém usa. São construçÔes que estão na língua portuguesa faz mais de uma década, ou até mesmo mais de duas, se formos contar um ou outro lugar usando @/el@/@ como linguagem genérica. Hå vårios textos e vídeos com pessoas usando neolinguagem e vårios materiais explicando diferentes aspectos dela. Quem quer se acostumar ao menos com certos aspectos da neolinguagem tem a oportunidade de ir atrås disso.

Entendo alguém se surpreender com algum elemento que nunca viu, como um neopronome diferente de elu ou ile que alguém pede como parte de seu tratamento. Porém, o problema não é o sentimento, e sim reaçÔes como:

  • Verbalizar o quanto a linguagem de alguĂ©m Ă© esquisita/feia;
  • Defender-se de nenhuma acusação feita, presumindo que a pessoa que pede tratamento contendo neolinguagem vai ser agressiva com qualquer deslize e querendo evitar isso por apontar a prĂłpria ignorĂąncia ao invĂ©s de ir atrĂĄs de preencher as lacunas em seu conhecimento;
  • HipervigilĂąncia em cima de pessoas que pediram por ser tratadas com o uso de neolinguagem, apontando toda vez que cometem erros de digitação ou gramĂĄtica ou toda vez que usam algum estrangeirismo como prova de que tais pessoas nĂŁo deveriam julgar quem as maldenominam e/ou nĂŁo pertencem em determinado espaço;
  • Reclamar da complexidade em explicitar artigo, pronome e final de palavra, sendo que sĂŁo justamente tais elementos os mais usados na comunicação, mesmo por pessoas que reclamam que "nĂŁo querem ter que estudar gramĂĄtica". NĂŁo Ă© legal sair escolhendo o tratamento alheio de acordo com os gĂȘneros gramaticais conhecidos e depois querer se safar das consequĂȘncias de maldenominar alguĂ©m porque na verdade nĂŁo tinha como saber de nada, nĂ©?

Em espaços cisdissidentes, jå existe a noção de ter o mínimo de respeito pelas identidades alheias. Só pessoas transmísicas tendem a reclamar dos nomes escolhidos alheios por serem feios ou esquisitos. Presume-se que travestis e mulheres trans devem ser tratades por a/ela/a e que homens trans devem ser tratades por o/ele/o a um nível que apaga possíveis complexidades dentro de tais identidades e pessoas não-conformistas de linguagem.

Em teoria, aceita-se que pessoas nĂŁo-binĂĄrias podem "usar linguagem neutra" (porque convenhamos que neolinguagem sem o objetivo de ser "neutra" acaba encontrando ainda mais resistĂȘncia). Na prĂĄtica, espera-se que todes nĂłs tambĂ©m aceitemos a/ela/a ou o/ele/o, porque reinvindicar nossa nĂŁo-binaridade dentro da linguagem Ă©, supostamente, ou excludente de alguma forma, ou uma exigĂȘncia impensĂĄvel por conta de "ser novidade".

Em espaços cisdissidentes, disforia e euforia de gĂȘnero sĂŁo levadas a sĂ©rio quando se trata de partes do corpo, nomes, documentos e conjuntos de linguagem dentro da lĂ­ngua padrĂŁo. Mas contra-argumentação ou chacota contra tratamentos que envolvem neolinguagem ou comentĂĄrios como "mas eu nĂŁo entendo porque alguĂ©m escolheria isso" nĂŁo sĂŁo julgades tĂŁo negativamente, sendo comum atĂ© o acolhimento do desconforto com a neolinguagem em detrimento da saĂșde mental de usuĂĄries de neolinguagem que tambĂ©m sĂŁo rejeitades no mundo cis.

O paralelo com formas de identificação cisdissidentes Ă© Ăłbvio. "A sociedade ainda nĂŁo consegue reconhecer mais de dois gĂȘneros, entĂŁo vocĂȘ tem que viver como um deles"; "a maioria nĂŁo vĂȘ vocĂȘ como alguĂ©m da identidade de gĂȘnero que vocĂȘ diz, e nĂŁo faz sentido exigir que te reconheçam dentro dela"; "vocĂȘ tem que aprender a estar confortĂĄvel por si sĂł, e nĂŁo exigir que outras pessoas te tratem como vocĂȘ quer".

PorĂ©m, assim como pessoas cisdissidentes como um todo nĂŁo desistiram de ser reconhecidas como membras de suas identidades de gĂȘnero reais, eu nĂŁo vou desistir de exigir ser referide com um tratamento que me contempla. Assim como pessoas cisdissidentes em geral criaram espaços onde Ă© impensĂĄvel julgar a identidade de gĂȘnero alheia por mĂ©tricas cissexistas, eu jĂĄ administro espaços que aceitam conjuntos de linguagem diversos e que nĂŁo toleram piadinhas sobre como a linguagem alheia Ă© feia ou esquisita.

O que eu queria é que pessoas em outros grupos cisdissidentes tivessem vergonha na cara de desencorajar esse tipo de atitude, assim como outras manifestaçÔes de "senso comum" que beneficiam a cisnorma. Para quem não precisa da neolinguagem, hå uma acomodação inerente em poder falar livremente do quanto ela é desnecessåria e complexa demais para ser "aprendida", mas isso deveria estar sendo questionado, especialmente em espaços não-binårios.

Para quem sente falta de ser referide usando neolinguagem: eu garanto que hĂĄ pessoas como vocĂȘ. Eu garanto que hĂĄ pessoas que lhe respeitarĂŁo. Venha interagir com a gente!


Tudo, ou pelo menos muita coisa, sobre linguagem pessoal


Edição (18/10/2024): Adicionei alguns links mais recentes e a informação sobre o elemento do asterisco entre parĂȘnteses/colchetes/afins em conjuntos de linguagem. A informação do asterisco Ă© a Ășnica informação alĂ©m da questĂŁo de links que nĂŁo se encontra na versĂŁo impressa, ao menos neste momento.

Edição (17/11/2023): Uma versĂŁo para imprimir deste texto (7 folhas frente e verso em formato de livreto, 28 pĂĄginas ao todo) pode ser encontrada aqui. Ao adaptar o texto, percebi alguns erros e pontos fracos que acabei mudando nesta versĂŁo do texto tambĂ©m. Isso nĂŁo significa que as duas versĂ”es sĂŁo idĂȘnticas, mas a ideia Ă© que sejam relativamente parecidas.


Este texto tem a intenção de trazer a pauta de conjuntos de linguagem (focando em conjuntos de linguagem pessoal) para pessoas que podem não ter tido muito contato com o assunto antes. Porém, ele ainda presume conhecimento sobre as seguintes coisas, que talvez algumas pessoas que passem por este texto ainda não tenham tido contato:

1) Os termos cis, nĂŁo-cis, cisdissidente e trans aparecem neste texto. Para entender com detalhes o que os termos cis e trans significam, procure-os neste glossĂĄrio. Os termos nĂŁo-cis e cisdissidente sĂŁo sinĂŽnimos, e se referem a qualquer pessoa que nĂŁo seja cis (o que inclui pessoas trans).

2) Normas de gĂȘnero sĂŁo as normas esperadas pela sociedade que sĂŁo cobradas de quem pertence a cada gĂȘnero (ou que tambĂ©m podem ser cobradas de pessoas vistas como pertencentes a certo gĂȘnero mesmo que nĂŁo sejam). No caso de sociedades eurocĂȘntricas, geralmente se espera que mulheres sejam delicadas, sensĂ­veis, vaidosas e boas donas de casa, e que homens escondam a maioria de seus sentimentos, gostem de esportes e sejam agressivos. Estes sĂŁo exemplos de normas de gĂȘnero, mas elas tambĂ©m envolvem roupas, brinquedos, empregos e outras coisas que supostamente sĂŁo "apropriadas para cada gĂȘnero". Pessoas que quebram vĂĄrias destas normas podem se chamar de nĂŁo-conformistas de gĂȘnero.

3) Identidade de gĂȘnero Ă© algo pessoal, que nĂŁo vai ter necessariamente nenhuma relação com corporalidade/sexo, normas de gĂȘnero, influĂȘncias externas, aparĂȘncia ou formas de agir ou de se vestir. Identidade de gĂȘnero nĂŁo Ă© algo exclusivo de pessoas nĂŁo-cis: homem e mulher sĂŁo identidades de gĂȘnero (enquanto cis e trans sĂŁo modalidades de gĂȘnero). Caso queira ler mais sobre o que Ă© gĂȘnero, clique aqui.

4) Muitas pessoas nĂŁo sĂŁo (somente/completamente/sempre) mulheres ou homens. Mencionarei pessoas nĂŁo-binĂĄrias como um grupo que cobre essas experiĂȘncias, e uma pĂĄgina que explica com mais detalhes como alguĂ©m pode experienciar isso pode ser encontrada aqui. Nem todas as pessoas que se encaixam nessa descrição se descrevem como nĂŁo-binĂĄrias, o que pode ter a ver com diversos motivos. De qualquer modo, a discriminação experienciada por pessoas que nĂŁo podem ser descritas precisamente somente como mulheres ou como homens Ă© chamada de exorsexismo.

5) Respeitar as identidades de gĂȘnero de todas as pessoas Ă© importante. Identidades de gĂȘnero fazem parte da cultura de cada lugar e da identidade pessoal, e negar a identidade de gĂȘnero de alguĂ©m (por conta da pessoa nĂŁo cumprir as normas de gĂȘnero associadas com seu gĂȘnero, nĂŁo ter uma aparĂȘncia cisnormativa, ter uma identidade de gĂȘnero incomum ou difĂ­cil de explicar, "ser nova/velha demais pra isso" ou qualquer outro motivo) pode ser causar danos sĂ©rios Ă  saĂșde mental de alguĂ©m, especialmente quando isso acontece com frequĂȘncia.

6) Trolls, na maioria dos contextos de discussÔes na internet, são pessoas que insistem em incomodar outras pessoas de forma persistente, geralmente na internet. As açÔes de trolls podem ser descritas como trollagem. Uma trollagem comum em meios ativistas envolve tentar enganar pessoas "de fora" sobre o que grupos marginalizados são ou querem (espalhando suposiçÔes de må fé ou fingindo ser uma caricatura ridícula de alguém do grupo).

7) A maioria das outras coisas citadas que podem não ser de conhecimento geral possuem explicaçÔes logo após sua primeira menção, ou links para textos que explicam ao que tais coisas se referem.


Linguagem pessoal Ă© algo que quase todo mundo que consegue se comunicar em alguma lĂ­ngua com "gĂȘneros gramaticais" tem.

Sim, mesmo pessoas que nunca pensaram sobre o assunto e que sĂŁo completamente alheias a comunidades NHINCQ+ (NĂŁo-HĂ©tero, Intersexo, NĂŁo-Cis, Queer, etc). Sim, mesmo pessoas que dizem que Ă© pra evitar quaisquer sinais desses gĂȘneros gramaticais para falar delas. Sim, mesmo pessoas que nĂŁo possuem nenhuma preferĂȘncia em relação Ă  linguagem.

As Ășnicas pessoas que considero que nĂŁo possuem alguma linguagem pessoal sĂŁo as que ainda nĂŁo tĂȘm certeza de que linguagem querem usar.

E, por isso, é importante ter noção de como usar e respeitar qualquer tipo de conjunto de linguagem.

Enfim, vou tentar explicar passo a passo o que sĂŁo conjuntos de linguagem para pessoas que nĂŁo estĂŁo familiarizadas com o assunto.

"O que Ă© um conjunto de linguagem?"


Em lugares onde a língua portuguesa é a padrão, é comum ensinarem crianças que existem jeitos diferentes de se referir às pessoas: a forma "masculina" quando a pessoa "é homem", e a forma "feminina" quando a pessoa "é mulher". (Vou explicar as aspas depois.)

A forma "masculina" seria composta de palavras como o, ele, moço, este, ator, professor, guri, pai, filho, namorado e bom.

A forma "feminina" seria composta de palavras como a, ela, moça, esta, atriz, professora, guria, mãe, filha, namorada e boa.

Deste modo, poderĂ­amos dizer que existe um conjunto de linguagem "masculino" e outro "feminino", que uniriam estas palavras citadas. No caso destes conjuntos especificamente, eles sĂŁo chamados de gĂȘneros gramaticais tambĂ©m, os quais sĂŁo literalmente descritos na gramĂĄtica formal como masculino e feminino.

Mas esta questĂŁo nĂŁo termina aĂ­, e tambĂ©m nĂŁo acho que gĂȘnero gramatical descreva bem todos os conjuntos de linguagem existentes.

Mesmo que exista esta associação de certas palavras com certos gĂȘneros ou estereĂłtipos relacionados a gĂȘnero, nĂŁo existem razĂ”es universais para que certas palavras precisem ser usadas apenas para pessoas masculinas, homens, pessoas femininas e/ou mulheres.

Saias ou cabelos compridos nĂŁo precisam ser necessariamente “coisas femininas”, ternos ou cabelos curtos nĂŁo precisam ser necessariamente “coisas masculinas”. Estas sĂŁo sĂł decisĂ”es que foram feitas em certos lugares e perĂ­odos que nem estĂŁo presentes em todas as culturas e/ou Ă©pocas.

Também por conta disso, é importante ter formas de descrever tais conjuntos de linguagem de formas que não usem feminilidade ou masculinidade como ponto de partida. Temos nomes específicos para roupas, partes do corpo e cores de forma que não tenhamos que usar vocabulårio vago e arbitrårio como feminine ou masculine para nos referirmos a elas, então faz sentido ter formas de descrever linguagem de forma que não dependa destas palavras.

Existe mais de um jeito de pessoas se referirem a tais conjuntos, como a/ela/a e o/ele/o, ela/dela e ele/dele, ela/a e ele/o e a/uma/da/ela/dela/minha/essa/a e o/um/do/ele/dele/meu/esse/o.

Quando uma pessoa quer ser referida com um certo conjunto de linguagem, dizemos que tal pessoa usa tal conjunto, ou que certo conjunto de linguagem Ă© o conjunto daquela pessoa. Por exemplo:

  • Eu sou o Marco. Eu uso o/ele/o.
  • Aquele Ă© o Marco. O conjunto de linguagem dele Ă© o/ele/o.

Eu vou explicar mais sobre o que exatamente significa a/ela/a, o/ele/o e afins depois. O que importa agora é que, independentemente dos modelos usados, conjuntos de linguagem vão muito além destes dois.

"Mas pra quĂȘ ter conjuntos de linguagem alĂ©m dos previstos pela lĂ­ngua padrĂŁo?"


A existĂȘncia de um binĂĄrio estrito de conjuntos de linguagem baseado em gĂȘnero causa diversos problemas:

  • Quando nĂŁo se sabe qual o gĂȘnero de uma pessoa ou de um animal, que conjunto de linguagem devemos usar?
  • Quando existem grupos formados por seres de gĂȘneros diferentes, como devemos nos referir ao grupo?
  • Quando alguĂ©m nĂŁo Ă© nem homem e nem mulher, como nos devemos nos referir a tal alguĂ©m?

Acho importante notar que todos estes problemas são relacionados com seres vivos. Poucas pessoas se importam com o uso de a/ela/a para cadeiras e geladeiras e de o/ele/o para sofås e ventiladores, e se alguém tentar te convencer de que aceitar mais linguagens também tem a ver com usar conjuntos de linguagem diferentes para objetos ou até mesmo para nomes de espécies, é bem provåvel que tal pessoa esteja trollando.


As soluçÔes propostas que envolvem a língua padrão são frequentemente egoístas (como "quem não se encaixa nessas linguagens não importa"), pouco pråticas (como "é só descrever essas pessoas e esses grupos de forma indireta o tempo todo"), machistas (como "o/ele/o jå é um conjunto neutro") ou exorsexistas (como "não existe essa coisa de não ser homem nem mulher").

Por conta disso, surgiram formas de um conceito atualmente chamado de neolinguagem, o qual engloba quaisquer palavras alternativas que nĂŁo sĂŁo previstas pelos gĂȘneros gramaticais padrĂŁo.

Algumas pessoas começaram a usar arroba para substituir a ou o em palavras como el@ ou tod@s nas Ășltimas dĂ©cadas, mas como era apenas uma substituição para os dois conjuntos padrĂŁo, esta solução foi considerada pouco inclusiva. Com o tempo, surgiu a ideia de usar a letra X para fazer a mesma coisa, mas a maioria das pessoas nĂŁo entendia que a letra nĂŁo era pra ser pronunciada, e programas que leem telas para quem nĂŁo as enxerga (parcialmente ou totalmente) sempre pronunciava a letra X nos finais das palavras como “cs”.

Depois disso, foram sugeridas tanto propostas para "neutralizar a lĂ­ngua" de forma pronunciĂĄvel quanto propostas de diversidade de conjuntos de linguagem, para que cada pessoa possa escolher o que fica mais confortĂĄvel para si. Todas as possibilidades que nĂŁo se encaixam nos gĂȘneros gramaticais previstos pela lĂ­ngua padrĂŁo sĂŁo consideradas parte da neolinguagem.

Este texto Ă© especificamente sobre linguagem pessoal (a linguagem que cada pessoa usa), e nĂŁo sobre linguagem genĂ©rica/neutra (uma linguagem ideal para usar quando a linguagem de alguĂ©m ou de algum grupo Ă© indeterminada). Eu listei estas questĂ”es sobre linguagem genĂ©rica por serem relevantes, mas se vocĂȘ quiser saber mais sobre como deixar de usar o/ele/o como linguagem genĂ©rica, textos relevantes estĂŁo disponĂ­veis aqui.

A maioria das pessoas que usa neolinguagem como parte de seu conjunto de linguagem pessoal sĂŁo nĂŁo-binĂĄrias. Mesmo assim, pessoas binĂĄrias (que sĂŁo sempre, estritamente e completamente homens ou mulheres) tambĂ©m podem querer usar conjuntos de linguagem pessoal fora dos padrĂ”es, algo que quando acontece Ă© geralmente feito por pessoas nĂŁo-conformistas de gĂȘnero como parte de suas expressĂ”es pessoais.

"NĂŁo Ă© sĂł decidir um gĂȘnero gramatical/conjunto de linguagem neutro e usar ele?"


  • A ideia de que dois gĂȘneros especĂ­ficos permaneçam tendo conjuntos de linguagem especĂ­ficos associados a si, enquanto pessoas de todas as outras centenas de identidades possĂ­veis tenham apenas um conjunto associado a elas, Ă© dar a ideia de que gĂȘneros/arquĂ©tipos binĂĄrios sĂŁo simplesmente mais importantes e merecedores de atenção.
  • Se tal conjunto neutro ainda por cima for tambĂ©m associado com nĂŁo saber o gĂȘnero de alguĂ©m, isso dĂĄ a entender que qualquer pessoa que nĂŁo seja binĂĄria ou que rejeite linguagens associadas a gĂȘneros binĂĄrios esteja num limbo de indeterminação de gĂȘnero. Isso pode ser algo apreciado por algumas pessoas, mas a ideia de que pessoas nĂŁo-binĂĄrias sĂł estĂŁo indecisas sobre seu gĂȘnero Ă© um preconceito vil que nĂŁo deveria ser reforçado.
  • Muitas pessoas podem nĂŁo querer ter um conjunto de linguagem que passa uma impressĂŁo de neutralidade ou de indeterminação de gĂȘnero, e sim algo que passe a impressĂŁo de masculinidade nĂŁo-binĂĄria, feminilidade nĂŁo-binĂĄria, xeninidade, maveriquinidade ou outras caracterĂ­sticas.
  • NĂŁo existe nenhuma proposta de conjunto de linguagem neutro que tenha o apoio de todas as pessoas dentro ou fora de comunidades que propĂ”em um conjunto neutro universal. NĂŁo faz sentido alguĂ©m se sujeitar a ser referide por um conjunto de linguagem do qual nĂŁo gosta muito quando isso nĂŁo aumenta as chances de outras pessoas usarem tal conjunto de linguagem.


Mais detalhes acerca de descrever conjuntos


Agora que expliquei que 1) neolinguagem jĂĄ existe, jĂĄ estĂĄ em uso, e nĂŁo faz sentido fingir que nĂŁo Ă© necessĂĄria e que 2) conjuntos de linguagem sĂŁo diversos, acho importante explicar como estes vĂŁo ser descritos.

Neste texto, e em outros textos, o esquema que uso é artigo/pronome/final de palavra (este pode ser chamado de terminação ou de flexão também).

O artigo (nome técnico: artigo definido da forma singular) é o que se usa na frente do nome da pessoa, ou de algo que substitui o nome da pessoa mas que usa seu artigo.

Ao escrever "o JoĂŁo", "a advogada", "ĂȘ artista" e "le professore", as palavras o, a, ĂȘ e le estĂŁo cumprindo a função de artigo. A e o sĂŁo artigos previstos pela lĂ­ngua, mas ĂȘ e le sĂŁo neoartigos.

O pronome (nome técnico: pronome pessoal reto da terceira pessoa do singular) é o que se usa para substituir o nome da pessoa e fazer certas contraçÔes.

Ao escrever "ela Ă© forte", "isso Ă© dele", "estou pensando nelu" e "ile Ă© legal", os pronomes que estĂŁo sendo usados sĂŁo ela, ele, elu e ile, respectivamente. Ela e ele sĂŁo pronomes previstos pela lĂ­ngua, enquanto elu e ile sĂŁo neopronomes.

O final de palavra (nome tĂ©cnico na maior parte dos casos, mas que recomendo evitar: flexĂŁo de gĂȘnero) Ă© o que se usa no final das palavras que mudam entre a e o dentro dos conjuntos de linguagem previstos pela lĂ­ngua padrĂŁo.

Ao escrever "médica", "amigo", "linde" e "cozinheiry", os finais de palavra que estão sendo usados são a, o, e e y, respectivamente.

ApĂłs definir os trĂȘs elementos, eles podem ser unidos nesta mesma ordem, com barras entre eles. Assim, podemos ter a/ela/a, o/ele/o, ĂȘ/elu/e, y/Ă©ly/y, i/Ă©li/i, le/ile/e e vĂĄrias outras possibilidades.

Quando alguém não quer que algum elemento seja usado, escreve-se um traço. Por exemplo, uma pessoa que não quer que usem um artigo para ela pode usar -/elu/e, e alguém que quer que seu nome seja usado ao invés de pronomes pode usar i/-/i.

Quando nĂŁo hĂĄ preferĂȘncia acerca de certo elemento ("qualquer um serve"), a pessoa pode usar [q], [qlq], [qqr] ou similar no lugar do elemento. Por exemplo, alguĂ©m cujo conjunto Ă© [qlq]/ile/e vai aceitar a, o, ĂȘ, e, le, y, i, il ou qualquer outro artigo, incluindo neoartigos.

Quando alguĂ©m quer que fiquem trocando o que usam no lugar de certo elemento, a pessoa pode usar [r], [rtt], [rot] ou similar para indicar um elemento rotativo. Por exemplo, alguĂ©m cujo conjunto Ă© -/Ă©li/[rtt] quer que troquem o final de palavra que usam para Ă©li com frequĂȘncia.

Quando alguém quer especificar alguma observação mais específica, a pessoa pode usar (*), ou similar. Por exemplo, alguém cujo conjunto é -/(*)/(**) pode especificar em seu perfil algo como:

* Aceito quaisquer neopronomes, menos ila, ilo e elo.

** Prefiro que evitem me marcar com flexÔes, mas em casos onde isso for muito inconveniente, podem usar -e, desde que o uso não seja constante.

Quando alguĂ©m quer indicar elementos alternativos em seus conjuntos, a pessoa pode usar vĂ­rgulas e parĂȘnteses, chaves ou similares para indicar as possibilidades ao invĂ©s de escrever conjuntos separados. Por exemplo, alguĂ©m pode preferir escrever seu conjunto como -/(ily, ile)/y ao invĂ©s de especificar tanto -/ily/y quanto -/ile/y.


TrĂȘs imagens em uma demonstrando como se usam os conjuntos le/elu/e, -/-/- e fy/yl/y. Exemplo de frase com artigo le: "Le jovem Ă© daqui." Exemplo de frase com pronome elu: "Elu Ă© legal." Exemplo de frase com terminação E: "Estou atrasade!" Exemplo de frase sem artigo: "Tal jovem Ă© daqui". Exemplo de frase sem pronome: "Aquela pessoa Ă© legal." Exemplo de frase sem terminação: "NĂŁo vou chegar a tempo!" Exemplo de frase com artigo fy: "Fy jovem Ă© daqui." Exemplo de frase com pronome yl: "Yl Ă© legal." Exemplo de frase com terminação Y: "Estou atrasady!"
Esta imagem foi feita para explicar como funcionam os conjuntos de linguagem mostrados. Imagens similares podem ser encontradas aqui.


Em relação a outros jeitos de falar sobre conjuntos de linguagem:

  • Usar “linguagem feminina/masculina/neutra” nĂŁo funciona muito bem, tanto por reforçar normas de gĂȘnero (e se uma pessoa quiser usar o/ele/o sem ser masculina?), quanto por ser uma afirmação vaga (e se uma pessoa quiser usar o/elo/o, Ă© uma linguagem masculina? E e/ele/e? Se alguĂ©m disser que usa linguagem neutra, Ă© para usar le/elu/e, ĂȘ/elu/e, -/ile/e, -/-/- ou o quĂȘ?) TambĂ©m força associaçÔes desnecessĂĄrias com caracterĂ­sticas associadas a gĂȘneros. (Por que temos que dizer que uma pessoa sem gĂȘnero que estĂĄ usando a/ela/a porque Ă© a linguagem associada com a palavra pessoa estĂĄ usando uma linguagem feminina?) Mais sobre isso aqui, aqui e aqui, e tambĂ©m existe este texto sobre como usar "linguagem neutra" Ă© algo muito vago.
  • Usar "elu/delu" e afins tambĂ©m nĂŁo funciona bem: ocupa mais caracteres do que e/elu/e, usa tal espaço para uma informação que vai ser supĂ©rflua sob quase todas as circunstĂąncias e nĂŁo sinaliza informaçÔes como o final de palavra, algo praticamente fundamental para se referir a alguĂ©m na lĂ­ngua portuguesa. Fiz um texto inteiro sobre isso aqui.
  • Colocar sĂł o pronome e o final de palavra funciona bem para pessoas cujos conjuntos estĂŁo dentro dos padrĂ”es, mas visto que existem muitas opiniĂ”es diferentes sobre que artigos deveriam ser usados para quem tem final de palavra e e/ou pronome elu, acho que faz sentido que cada pessoa possa deixar explĂ­cito seu prĂłprio artigo, ao invĂ©s de utilizarmos a presunção de que ele serĂĄ sempre igual ao final de palavra.
  • Eu entendo a utilidade de oferecer mais informaçÔes sobre a prĂłpria linguagem, e dou meu apoio a qualquer pessoa que quiser colocar a/uma/da/ela/dela/minha/essa/a ao invĂ©s de a/ela/a em seu perfil, mas para propĂłsitos como citar conjuntos em textos ou em lugares com pouco espaço, acho importante ter a possibilidade de resumir um conjunto em trĂȘs ou quatro elementos.
  • Se alguĂ©m tiver interesse em como foi feita a escolha dos elementos artigo, pronome e final de palavra, jĂĄ escrevi um texto sobre isso tambĂ©m. Resumidamente, Ă© porque sĂŁo elementos comuns que tambĂ©m sĂŁo frequentemente disputados por pessoas que defendem propostas especĂ­ficas de linguagem genĂ©rica/neutra.

Entendo que podem haver dĂșvidas acerca de outras particularidades de certos conjuntos de linguagem, mesmo com informaçÔes sobre artigo(s), pronome(s) e final(is) de palavra de alguĂ©m. Algumas dessas serĂŁo explicadas depois, mas por enquanto acho mais importante ter ao menos uma noção bĂĄsica do que significam os trĂȘs elementos citados.

"Como saber qual o conjunto de linguagem que alguém usa?"


Conjunto de linguagem, assim como identidade de gĂȘnero, sĂŁo caracterĂ­sticas frequentemente presumidas, mas que, idealmente, nĂŁo deveriam ser.

Tanto homens quanto mulheres quanto outras pessoas podem usar quaisquer tipos de roupas e acessĂłrios, e ter qualquer tipo de cabelo, voz, corpo, personalidade e gostos. A ideia de que Ă© possĂ­vel julgar alguĂ©m como homem ou como mulher se baseando em aparĂȘncia, documentos ou em como a pessoa se comunica Ă© baseada em estereĂłtipos de gĂȘnero e de sexo, e prejudica pessoas trans, intersexo, nĂŁo-binĂĄrias e/ou que nĂŁo seguem as normas associadas com seus gĂȘneros.

Da mesma forma, nĂŁo hĂĄ como presumir que conjunto de linguagem alguĂ©m usa sem a pessoa dizer qual conjunto usa. Mesmo indicadores como homem ou mulher nem sempre significam que a pessoa usa a linguagem comumente associada com tal gĂȘnero.

É possĂ­vel alguĂ©m se referir a si e assim revelar alguma parte de sua linguagem (geralmente o final de palavra, em frases como "estou atrasade" ou "sou arquiteta"), mas, mesmo assim, Ă© importante considerar que:

  • Aquela pode nĂŁo ser a Ășnica possibilidade do que a pessoa usa (uma pessoa pode usar tanto a/ela/a quanto o/ele/o, por exemplo);
  • A pessoa pode querer usar certos conjuntos para se referir a si mesma, mas nĂŁo querer que outras pessoas usem a mesma linguagem (porque a pessoa estĂĄ questionando, Ă© insegura, erra a prĂłpria linguagem com frequĂȘncia, tem medo de ser vista como estranha se usar neolinguagem em pĂșblico, nĂŁo se importa em usar uma linguagem binĂĄria para si mas vĂȘ a mesma linguagem vinda de outras pessoas como uma forma de presumir que a pessoa tem um gĂȘnero binĂĄrio quando nĂŁo tem, etc.);
  • A presença de certo artigo, pronome ou final de palavra nĂŁo infere outros elementos (pessoas podem usar -/elo/o, -/ele/e, a/ila/a, -/ilĂŁ/e, u/elu/u, ĂȘ/elu/e, etc).

Caso a comunicação entre vocĂȘ e a outra pessoa seja privada, eu nĂŁo acho indelicado perguntar sobre seu(s) conjunto(s) de linguagem. ("Eu uso pronome eld e flexĂŁo -e, como posso me referir a vocĂȘ?") TambĂ©m Ă© possĂ­vel que a pessoa tenha ele(s) disponĂ­vel(is) em algum perfil online.

PorĂ©m, em situaçÔes pĂșblicas, fazer esta pergunta pode ser uma indelicadeza, nĂŁo apenas porque a maioria das pessoas (infelizmente) quer que vocĂȘ presuma, mas tambĂ©m porque uma pessoa pode ter que escolher entre sair do armĂĄrio contra a prĂłpria vontade e ter a linguagem errada sendo usada para si.

Neste caso, pode ser importante a adoção de alguma linguagem neutra para ser usada para todo mundo que vocĂȘ nĂŁo conhece, como -/-/- ou e/elu/e.

Mesmo assim, Ă© importante que vocĂȘ ou use esta linguagem neutra para todas as pessoas que vocĂȘ nĂŁo sabe a linguagem, ou para nenhuma. É um problema sĂł usar isso quando vocĂȘ pensa que hĂĄ uma possibilidade da pessoa ser trans, nĂŁo-binĂĄria e/ou nĂŁo-conformista de gĂȘnero.

Caso vocĂȘ esteja organizando algum espaço que seja seguro para pessoas cujos conjuntos de linguagem sĂŁo presumidos erroneamente com frequĂȘncia (o que inclui nĂŁo ser seguro para pessoas que acreditam que gĂȘnero e linguagem devam sempre ser presumidos e/ou baseados em gĂȘnero/sexo), vocĂȘ pode oferecer formas de pessoas expressarem seus conjuntos.

Em espaços online, isso significa encorajar que pessoas disponibilizem seus conjuntos em introduçÔes, nomes de tela e/ou espaços no perfil. Em espaços físicos, isso significa pedir conjunto de linguagem na introdução de cada pessoa e/ou disponibilizar adesivos para escrever conjuntos e encorajar que mesmo pessoas "cuja linguagem é óbvia" os digam/usem. Guias e/ou explicaçÔes sobre como tais conjuntos funcionam também devem estar disponíveis.

Lembre-se tambĂ©m de que nem todas as pessoas podem querer disponibilizar seus conjuntos, por mais seguro que seja o espaço. Enquanto isso Ă© um problema quando sĂŁo pessoas binĂĄrias conformistas de gĂȘnero afirmando que linguagem pessoal deve ser presumida, obrigar pessoas a escolher um conjunto de linguagem pode ser um problema para pessoas no armĂĄrio, inseguras sobre que linguagem querem, que sentem disforia de gĂȘnero ao terem que dizer seus conjuntos de linguagem, etc.

Sugiro encorajar pessoas a nĂŁo usar nenhuma linguagem especĂ­fica ao se referir Ă s pessoas do grupo que nĂŁo querem disponibilizar seus conjuntos de linguagem.

Novamente, estas medidas precisam valer para todas as pessoas, e nĂŁo apenas quando houverem pessoas nĂŁo-cis e/ou nĂŁo-conformistas de gĂȘnero no grupo.

Caso vocĂȘ ou o grupo esteja lidando com gente no armĂĄrio, talvez seja interessante que pessoas disponibilizem uma linguagem para ser usada dentro do grupo e outra fora do grupo.

"Como posso disponibilizar meu conjunto?"


Se vocĂȘ se sente confortĂĄvel e segure para fazer isso, vocĂȘ pode colocar em biografias ou similares de perfis de redes sociais/fĂłruns/programas de chat/etc., em apelidos de programas de chat, ou em outros lugares que pessoas podem conferir para saber como podem se referir a vocĂȘ e/ou informaçÔes bĂĄsicas sobre vocĂȘ.

Em espaços fĂ­sicos, vocĂȘ pode usar buttons, camisetas, bordados, crachĂĄs, adesivos ou outros indicadores. VocĂȘ tambĂ©m pode se apresentar falando do seu conjunto de linguagem (como em "sou Miriam, uso a/ela/a").

A maioria das pessoas nĂŁo sabe como funciona a questĂŁo de artigo/pronome/final de palavra, entĂŁo Ă© provĂĄvel que vocĂȘ tenha que explicĂĄ-la, especialmente se seu conjunto contĂ©m neolinguagem e portanto nĂŁo Ă© visto como “óbvio”.

"Que conjuntos eu posso ter?"


Pessoas podem ter quantos conjuntos de linguagem pessoais quiserem, e eles podem ser formados pelos elementos que cada pessoa quiser. PorĂ©m, infelizmente, quanto mais “fora do comum” for o conjunto, menor Ă© a possibilidade de outras pessoas quererem usĂĄ-lo.

Existe uma certa polĂȘmica em relação a se pessoas binĂĄrias ou cis podem ou nĂŁo usar conjuntos alĂ©m dos associados com seus gĂȘneros, ou alĂ©m de o/ele/o e de a/ela/a. Eu nĂŁo vejo problema em uma pessoa cis querer usar conjuntos como le/elu/e, -/ila/a ou outros, desde que seu uso seja respeitoso.

Acredito que pessoas binĂĄrias possam querer usar conjuntos alĂ©m dos associados com seus gĂȘneros pelos seguintes motivos, por exemplo:

  • Suas expressĂ”es de gĂȘnero (ou seja, como se vestem, agem, etc.) nĂŁo se encaixam com as expressĂ”es ditadas pelas normas de gĂȘnero, e tais pessoas podem querer usar um conjunto de linguagem que seja mais relacionado com sua expressĂŁo de gĂȘnero do que com sua identidade de gĂȘnero;
  • Se forem pessoas trans, podem nĂŁo querer se abrir como trans ou dar sinais de que nĂŁo sĂŁo do seu gĂȘnero designado, e assim usar outro conjunto para disfarçar isso;
  • Se tiverem preocupaçÔes com privacidade, misoginia ou outras questĂ”es, podem usar um conjunto de linguagem diferente em certos espaços para criar uma impressĂŁo diferente de sua identidade;
  • Essas pessoas podem estar questionando suas identidades de gĂȘnero e usar linguagem pessoal como uma forma de experimentar possibilidades para suas identidades;
  • Essas pessoas podem simplesmente gostar muito de certos conjuntos de linguagem sem saber explicar o motivo, e querer que eles sejam usados para elas.

De qualquer modo, acho que alguns cuidados devem ser tomados por pessoas que usam certos conjuntos de linguagem sĂł por diversĂŁo ou curiosidade mas que nĂŁo se importam tanto quando pessoas usam a linguagem errada ou associada com seu gĂȘnero:

  • A experiĂȘncia de uma pessoa cis que nĂŁo se importa com a linguagem associada com seu gĂȘnero mas que tambĂ©m usa outro(s) conjunto(s) Ă© diferente da experiĂȘncia de alguĂ©m cisdissidente que encontra dificuldades em ter pessoas aceitando sua linguagem. Maldenominação (o uso do conjunto de linguagem errado) dĂłi muito mais quando usar o conjunto certo Ă© importante e fundamental para a pessoa.
  • Pessoas cis nĂŁo possuem uma "experiĂȘncia meio trans" sĂł por usarem conjuntos de linguagem alĂ©m dos esperados. Pessoas trans binĂĄrias nĂŁo possuem uma "experiĂȘncia meio nĂŁo-binĂĄria" por usarem ou terem usado conjuntos de linguagem alĂ©m dos esperados. Embora algumas experiĂȘncias possam ter sido parecidas, pessoas que sĂŁo de um grupo internalizam muito mais o Ăłdio contra o grupo do que pessoas que sĂł foram confundidas com membres de tal grupo.
  • Pessoas nĂŁo estĂŁo sendo mais inclusivas por aceitar qualquer conjunto de linguagem, ou por aceitar algum conjunto que consideram neutro alĂ©m do conjunto associado com seu gĂȘnero. Isso sĂł lembra pessoas fora dos padrĂ”es de que algumas pessoas podem ficar "brincando" com seus conjuntos o quanto quiserem e ser maldenominadas sem grandes consequĂȘncias. (E potencialmente ensina pessoas dentro do padrĂŁo de que ninguĂ©m deveria se importar com linguagem, sendo que pessoas fora do padrĂŁo sĂŁo as que vĂŁo sofrer mais com isso.)

Basicamente: se vocĂȘ quiser usar algum conjunto alĂ©m do associado ao seu gĂȘnero, nĂŁo hĂĄ problemas em utilizĂĄ-lo, mas isso nĂŁo “dĂĄ pontos” de inclusividade ou de cisdissidĂȘncia. Se o motivo para vocĂȘ usar outros conjuntos for “quero saber como pessoas trans se sentem”, “quero saber como pessoas nĂŁo-binĂĄrias sĂŁo tratadas” ou “quero mostrar que ninguĂ©m deveria se importar com conjuntos de linguagem”, repense, porque isso serĂĄ visto como algo ofensivo e que nĂŁo ajuda a causa de ninguĂ©m.

"E se o conjunto de alguém for difícil de usar ou de lembrar?"


Em primeiro lugar, nunca diga a alguĂ©m que Ă© muito difĂ­cil usar seu conjunto e que vocĂȘ pode demorar para se acostumar (ou similar). NĂłs que incluĂ­mos neolinguagem em nossos conjuntos de linguagem pessoais estamos acostumades a ouvir/ler isso de praticamente qualquer pessoa binĂĄria que acabou de ser informada sobre nossos conjuntos. TambĂ©m peço que nĂŁo pergunte o motivo de alguĂ©m nĂŁo usar algum conjunto especĂ­fico que vocĂȘ preferiria que a pessoa usasse.

Sim, neolinguagem, conjuntos fora do padrĂŁo esperado ou mesmo a possibilidade de vocĂȘ ter usado outro conjunto para a pessoa por anos antes de receber a informação sobre a pessoa estar usando outro conjunto sĂŁo coisas difĂ­ceis de se lidar. Para todo mundo! AtĂ© a pessoa que escolheu o prĂłprio conjunto de linguagem pode errar ocasionalmente. E eu garanto que atĂ© ativistas "super desconstruĂ­des" muitas vezes maldenominam pessoas que nĂŁo usam os conjuntos que elus internalizaram que tais pessoas deveriam usar, mesmo sem querer.

Mas Ă© horrĂ­vel ter que ouvir isso tantas e tantas vezes. Qualquer pessoa que Ă© maldenominada com frequĂȘncia sabe que sĂŁo poucas pessoas que vĂŁo sequer tentar usar o conjunto de linguagem certo. Qualquer pessoa que Ă© maldenominada com frequĂȘncia sabe que pessoas bem intencionadas vĂŁo tentar usar o conjunto certo mas ainda podem errar de vez em quando, especialmente no inĂ­cio. Ser maldenominade jĂĄ dĂłi, e ter que lidar com um eufemismo para "sua identidade Ă© inconveniente pra mim e talvez eu nem tenha capacidade para respeitar ela direito" ao conhecer ou se abrir para qualquer pessoa nova sĂł contribui com essa dor.

Enfim, aqui estĂŁo algumas dicas para lidar com conjuntos que nĂŁo sĂŁo intuitivos para vocĂȘ:

  • VocĂȘ pode aproveitar es seguintes dicas e exercĂ­cios: 1, 2 3;
  • VocĂȘ pode ver como conjuntos sĂŁo usados no contexto de certas frases aqui;
  • VocĂȘ pode tentar falar sobre a pessoa para outras pessoas usando a linguagem certa, para as consequĂȘncias nĂŁo serem tĂŁo grandes caso vocĂȘ erre a linguagem da pessoa durante essa "fase de treinamento";
  • VocĂȘ pode chamar algumas pessoas e propor que por algumas horas cada pessoa ali use algum conjunto com o qual vocĂȘ tem dificuldade, ou fazer algum tipo de roleplay (tipo de jogo ou brincadeira onde vocĂȘ cria ume personagem) e fazer algume personagem que usa tal conjunto de linguagem.
  • VocĂȘ pode praticar o conjunto da pessoa fazendo uma histĂłria sobre ume personagem que usa o mesmo conjunto de linguagem.

Se vocĂȘ ainda nĂŁo estiver conseguindo lembrar/usar o conjunto de alguma pessoa, vocĂȘ pode pedir um conjunto auxiliar, ou seja, um conjunto que a pessoa nĂŁo prefere que usem, mas que aceita caso nĂŁo seja possĂ­vel usar outro.

PorĂ©m, se vocĂȘ nĂŁo consegue nem pensar em ĂȘ/elu/e, e/ele/e, -/Ă©li/i, a/ila/a, u/ĂȘlu/u ou similares como conjuntos auxiliares satisfatĂłrios, vocĂȘ vai ter que dar um jeito de se acostumar com neolinguagem, usando as dicas acima ou pedindo dicas para outras pessoas (de preferĂȘncia de forma privada e sem envolver a pessoa afetada).

Se tudo falhar, vocĂȘ pode nĂŁo usar nenhuma linguagem especĂ­fica para se referir a quem sĂł usa conjuntos difĂ­ceis demais para vocĂȘ.

"Mas se qualquer coisa vale como elemento de conjunto de linguagem, nĂŁo vĂŁo surgir vĂĄrios conjuntos estranhos e impossĂ­veis de usar?"


Em geral, pessoas querem que seus conjuntos de linguagem sejam usados, então é mais provåvel que alguém com um conjunto incomum use algo como -/ilo/o ou fy/yl/y do que algo como eu/legal/sou ou fsda/vjisdhef/fhi.

A maioria dos artigos tem até duas letras. A maioria dos pronomes tem a letra L no meio ou no fim e começa com vogal. A maioria dos finais de palavra é feita para funcionar junto a consoantes. A maioria dos conjuntos é feita para ser pronunciåvel, mas sem que os elementos sejam confundidos com outras palavras.

Algumas exceçÔes a isso são:

  • Neoartigos. É muito difĂ­cil conseguir uma ou duas letras que sejam pronunciĂĄveis e que nĂŁo sejam nenhuma palavra, especialmente se for para combinar com algum pronome e/ou final de palavra. Artigos como e, ne, ny e la parecem palavras existentes ou contraçÔes entre um final de palavra e a palavra em (assim como na e no), enquanto artigos como ze ou ed podem parecer nomes ou partes do nome de alguĂ©m.
  • Conjuntos temĂĄticos. SĂŁo raridades, mas conjuntos como fo/ogo/o ou an/ane/el existem.
  • Pronomes compostos por sĂ­mbolos ou emojis. Eles sĂŁo apenas para uso em texto; nĂŁo hĂĄ pronĂșncias em voz alta, a nĂŁo ser que estas sejam explicitamente indicadas.
  • Um ou outro uso que jĂĄ vi por aĂ­ de le e ty como pronomes, e tambĂ©m quero incluir aqui quaisquer outros pronomes que começam com consoantes. Isso faz com que palavras como delu, aquelu e nelu possam ficar difĂ­ceis ou impossĂ­veis de reconhecer/pronunciar (ex.: dty, nle).
  • Elementos que usam x ou sĂ­mbolos como  e *. X, , ' e * possuem "pronĂșncia" muda; a palavra el@ pode ser lida como el, por exemplo. Mesmo assim, nĂŁo Ă© recomendĂĄvel usar sĂ­mbolos em conjuntos de linguagem, especialmente em abundĂąncia, por conta de programas que leem telas descreverem o sĂ­mbolo (como em "el arroba" para el@).

Em geral, aquelus que possuem preferĂȘncias por conjuntos mais complexos ou que contĂ©m elementos impronunciĂĄveis tambĂ©m oferecem conjuntos auxiliares mais intuitivos e pronunciĂĄveis como alternativas.

Muitas pessoas nĂŁo conseguem se sentir confortĂĄveis usando conjuntos de linguagem pessoais que foram projetados para serem “neutros” ou parecidos com os padrĂ”es. E, Ă s vezes, tais pessoas acabam se identificando mais com palavras estranhas ou com sĂ­mbolos que nĂŁo podem ser pronunciados.

O ponto aqui é que nem todo conjunto de linguagem estranho é "coisa de troll", mas que realmente pode ser meio suspeito se todos os conjuntos de linguagem de alguém forem longos, impossíveis de pronunciar ou compostos por outras palavras.

Se vocĂȘ legitimamente nĂŁo consegue usar nenhum dos conjuntos listados de alguĂ©m, vocĂȘ pode perguntar por um conjunto auxiliar ou nĂŁo usar nenhuma linguagem especĂ­fica para a pessoa.

Neopalavras nĂŁo cobertas por artigo/pronome/final de palavra


Se uma pessoa Ă© fotĂłgrafa e usa -/elu/e, usamos "este fotĂłgrafe" para se referir a tal pessoa?

O consenso geral, até onde sei, é que o certo seria "estu fotógrafe". Mas outra opção seria "éstie fotógrafe", porque podemos utilizar ie no lugar de e em palavras onde a letra é associada com o conjunto o/ele/o.

Uma ideia para pronomes demonstrativos é que se substitua a letra L em um pronome por ss ou st para formar pronomes demonstrativos. Então éli daria em éssi e ésti, el daria em ess e est, ila daria em issa e ista, e assim por diante.

Mas, sinceramente, eu nĂŁo sei se pessoas que usam ilu querem ser chamadas de istu, ou se pessoas que usam elz querem ser chamadas de essz. Nestes casos, eu recomendo manter a letra e do inĂ­cio e usar o final de palavra (ou ie se tal final de palavra for e), caso nĂŁo seja possĂ­vel perguntar para a pessoa o que ela prefere.

Neste caso, a/ila/a daria em essa e esta, enquanto ze/eld/e daria em éstie e éssie (recomendo a primeira letra E aberta para diferenciar melhor de este/esse; ou fechada caso em seu sotaque tal letra jå seja aberta).

<

p style="background-color:#1111; padding:5px;">Oltiel, que originou a ideia linkada acima, tambĂ©m jĂĄ falou sobre seu modelo ser mais Ăștil para casos onde os pronomes tanto começam quanto terminam em uma ou mais vogais, as quais sĂŁo separadas pela letra L, de forma que nĂŁo foi feito para lidar como pronomes como *elz ou ind.*

Em relação a alternativas a meu/minha e a seu/sua, também existe divisão: algumas pessoas preferem usar as alternativas "universais" mi e su para pessoas que usam quaisquer finais de palavra fora da norma, enquanto outras preferem minhe e sue, com o final de palavra e podendo ser substituído por qualquer outro.

E quanto a letras repetidas? Escreve-se "su namoradu" ou "suu namoradu"? "Professori nĂŁo-binĂĄri" ou "professori nĂŁo-binĂĄrii"?

Pessoalmente, prefiro omitir a letra repetida, mas pode ter gente que prefere mantĂȘ-la. Mas sĂł a omito no caso de letra repetida, nĂŁo de som repetido: eu diria que alguĂ©m que usa o final i Ă© nĂŁo-binĂĄri, mas que alguĂ©m que usa o final y Ă© nĂŁo-binĂĄriy.

No caso de alternativas a palavras terminadas em ca, ga, co ou go, caso o início do final de palavra seja i, e ou algo de som similar, recomendo trocar c para qu e g para gu. Então alguém seria ume amigue ou umi médiqui, para manter a sonoridade da palavra.

Artigos indefinidos e contraçÔes que envolvem artigos usam o final de palavra, não o artigo. Alguém que usa ze/elz/e é ume menine, não umze menine. Se alguém usa i/éli/e, palavras como de e ne são usadas ao invés de di e ni.

Caso vocĂȘ vĂĄ falar sobre uma pessoa que usa neolinguagem em outra lĂ­ngua, vocĂȘ vai ter que perguntar para a pessoa o que ela prefere, ou se referir a tal pessoa de forma "neutra" mesmo. NĂŁo existe tradução direta de conjuntos de linguagem fora do padrĂŁo.


Se vocĂȘ quer saber mais sobre palavras fora do padrĂŁo, aqui estĂŁo mais recursos sobre este assunto:

Mais links estarĂŁo disponĂ­veis no final do texto.


De qualquer forma, acho importante lembrar de duas coisas:

  • Ainda nĂŁo existem padrĂ”es muito rĂ­gidos, e atĂ© mesmo pessoas que usam neolinguagem em seus conjuntos podem nĂŁo saber de vĂĄrias destas coisas, ou nĂŁo concordar com elas;
  • "Errar" algo como usar amige ao invĂ©s de amigue nĂŁo vai machucar tanto quanto usar amiga ou amigo. É melhor vocĂȘ improvisar algo que nĂŁo seja ideal do que se recusar a tentar. SĂł nĂŁo se ofenda quando o que vocĂȘ pensou nĂŁo era a solução ideal!


PronĂșncia de neoartigos, neopronomes, etc.


Esta seção Ă© baseada na minha experiĂȘncia em conviver com outras pessoas que usam neolinguagem no dia-a-dia. É possĂ­vel que existam pessoas que usem outras pronĂșncias para os elementos listados aqui. Por favor, priorize respeitar os desejos de quem usa os elementos indicados aqui em sua linguagem pessoal.


Este texto nĂŁo listarĂĄ todas as possibilidades que jĂĄ vi, e sim apenas as mais comuns ou que eu acredito que possam trazer dificuldades com mais frequĂȘncia. Afinal, ainda que diga-se o oposto, a maior parte da neolinguagem utilizada no dia-a-dia tenta ser acessĂ­vel inclusive para programas que leem telas.

Letras e combinaçÔes pouco comuns na língua portuguesa

A pronĂșncia de y Ă© igual Ă  da letra I. A pronĂșncia de w Ă© igual Ă  da letra U.

Ou seja, ila e yla possuem a mesma pronĂșncia, assim como Ă©lu e Ă©lw.

Edição: É possĂ­vel que existam pessoas que usem a vogal y com o mesmo som que esta letra tem na lĂ­ngua guarani (entre outras): um som entre i e u, que (atĂ© onde sei) pode ser feito "dizendo i com a boca no formato que se faz o som de u". Nunca vi alguĂ©m fazendo questĂŁo desta pronĂșncia, mas a possibilidade existe.

A pronĂșncia de ae (como artigo, final de palavra ou parte final de pronomes como elae) Ă© ĂĄi. Acredito que isso possa ser diferente em regiĂ”es que nĂŁo pronunciam e no final das palavras como i.

Ocasionalmente, alguĂ©m pode ter um final de palavra como s ou z, o que pode formar palavras como menins, escritorz, linds ou receosz. Em geral, as palavras sĂŁo pronunciĂĄveis: pense em como a maioria consegue pronunciar Halls, McDonald's ou youtubers sem grandes dificuldades. Caso a palavra jĂĄ termine em som de s/z sem o final de palavra (como em receosz), vocĂȘ pode nĂŁo pronunciar o final de palavra.

Quando o final de palavra nĂŁo for pronunciado (indicado por x, ', * ou outra coisa assim), pode acontecer um estranhamento parecido, jĂĄ que muitas palavras vĂŁo efetivamente terminar em consoantes incomuns. Novamente, vocĂȘ vai ter que "suprimir" a Ășltima sĂ­laba, nĂŁo deixando escapar nenhuma vogal apĂłs atrasad, amig, frac e afins.

Neoartigos

A nĂŁo ser que tenham acentuação que diga o contrĂĄrio, vejo os artigos contendo a com uma pronĂșncia como ĂĄ, os artigos contendo e com uma pronĂșncia como ĂȘ e os artigos contendo o com uma pronĂșncia como ĂŽ.

EntĂŁo ne teria a pronĂșncia nĂȘ, ze teria a pronĂșncia zĂȘ, la teria a pronĂșncia lĂĄ, oa teria a pronĂșncia ĂŽa e assim por diante.

Neopronomes e sĂ­labas tĂŽnicas

Neolinguagem, em geral, ainda segue as seguintes regras da lĂ­ngua portuguesa:

  • Toda palavra com mais de uma sĂ­laba possui uma sĂ­laba mais forte do que as outras, a sĂ­laba tĂŽnica. Na palavra mĂĄscara, por exemplo, a sĂ­laba mĂĄ Ă© mais forte. Quando hĂĄ acentuação (ĂĄ, Ă©, Ă­, Ăł, Ăș, Ăą, ĂȘ, ĂŽ), ela sempre acontece na sĂ­laba tĂŽnica.
  • Palavras oxĂ­tonas, ou seja, aquelas onde a sĂ­laba final for mais forte (como amor, trofĂ©u ou sofĂĄ), levam acentuação apenas caso terminem em a(s), e(s), o(s), em(ns) ou nos ditongos abertos Ă©u(s), Ăłi(s) e Ă©i(s).
  • Palavras paroxĂ­tonas, ou seja, aquelas onde a penĂșltima sĂ­laba for mais forte (como tĂșnel, bola ou recado), levam acentuação apenas caso terminem em r, l, n, x, ps, ĂŁ(o)(s), um(ns), om(ns), us, i(s), ei(s), ea(s), oa(s), eo(s), ua(s), ia(s), ue(s), ie(s), uo(s) ou io(s).

Ou seja, eli sem acento deve ser uma palavra presumida como oxĂ­tona (e-LI), afinal, se fosse paroxĂ­tona, haveria um acento (Ă©li se a letra e tiver som aberto, ĂȘli se a mesma letra tiver som fechado).

No entanto, existem alguns problemas em fazer a presunção de que é só prestar atenção nas normas gramaticais:

  1. Estas regras nĂŁo dizem nada sobre paroxĂ­tonas que terminam em u, d, y, w, etc.;
  2. Estas regras podem ser ignoradas por pessoas que nem sabem que elas existem, ou que preferem ignorĂĄ-las na hora de escrever os elementos de seus conjuntos.

Sugiro tratar y(s) como i(s) e u e w(s) como us nos finais das palavras, além de tratar pronomes como elx, eld e eln como palavras de uma sílaba só. Mas isso é o que eu acho mais pråtico, e não hå necessariamente nenhum consenso acerca desta questão.

Enfim, com isso dito, aqui estĂŁo as pronĂșncias que sugiro para alguns neopronomes "menos Ăłbvios":

  • ael → "a-ÉU"
  • elae → "e-LÁI", visto que o som final lembra palavras como vai e cai;
  • eld → "Ă©ud" ou "ÉU-di";
  • elf → "Ă©uf" ou "ÉU-fi";
  • eln → "Ă©un", para a letra N final vocĂȘ pode pensar em sua pronĂșncia em palavras como prĂłton;
  • elo → "É-lo", assim como o substantivo elo;
  • els → "Ă©us", pense no final da palavra cĂ©us;
  • elu → "e-LÚ", mas muita gente usa "Ê-lu", o que nĂŁo me parece ideal considerando que Ă© pra ser uma proposta de "pronome neutro" sendo que estĂĄ pendendo muito pra algo parecido com ele com esta pronĂșncia. Caso vocĂȘ queira usar "Ê-lu", sugiro simplesmente usar ĂȘlu.;
  • ely → "e-LI". Novamente, recomendo usar Ă©ly ou ĂȘly se vocĂȘ quer outra pronĂșncia;
  • elx → "Ă©u", embora tenham algumes que prefiram "Ă©ucs";
  • elz → "Ă©uz";
  • ila → "I-la";
  • ilae → "i-LÁI";
  • ile → "I-le";
  • ili → "i-LÍ";
  • ilo → "I-lo", pense no final da palavra aquilo;
  • ilu → "i-LU", mas ao menos esse aqui acho menos absurdo se quiserem pronunciar como "I-lu".

Palavras com mudanças sonoras dependentes dos finais de palavra a e o

Senhor e senhora, assim como receosa e receoso e outras palavras, mudam o som da letra O dependendo do final de palavra.

Sinceramente, não sei se existe uma regra gramatical que explique isso de forma que possa ser usada para cobrir outros finais de palavra. Ou se alguém se importa se pronunciarem receosae, senhory ou afins de forma que corresponda com o som da letra O usado para um final de palavra que a pessoa não usa.

Oltiel sugere o uso da letra U: assim, palavras desse tipo ficariam receĂșsy, senhure, curiĂșsi ou afins. NĂŁo Ă© uma alternativa muito conhecida, mas acho que Ă© uma boa opção.

Dicas finais para pessoas que querem ajudar quem tem conjuntos de linguagem fora dos padrÔes


Algumas destas dicas jå estão presentes no texto, mas ainda assim pode fazer sentido reforçå-las.


  • Quando possĂ­vel, e em relação a pessoas fora do armĂĄrio, corrija pessoas usando a linguagem errada para quem vocĂȘ conhece. Isso tira um pouco do peso de pessoas que geralmente sĂŁo maldenominadas e que precisam ficar corrigindo para nĂŁo serem.
  • Ensine pessoas sobre artigo/pronome/final de palavra e apresente sua linguagem/fale sobre conjuntos de linguagem desta forma. Assim, pessoas cujos artigos, finais de palavra e/ou pronomes nĂŁo sĂŁo tĂŁo Ăłbvios podem ter chances maiores de serem entendidas ao mencionarem seus conjuntos. Guias rĂĄpidos que podem ser referenciados podem ser encontrados aqui e aqui.
  • Caso vocĂȘ esteja segure para fazer isso, disponibilize seus conjuntos de linguagem pessoal em perfis, introduçÔes, pĂĄginas, crachĂĄs, etc.
  • NĂŁo presuma conjuntos de linguagem pessoais alheios; use alguma forma de linguagem genĂ©rica/neutra universal para pessoas de conjuntos desconhecidos. Isso inclui pessoas com qualquer aparĂȘncia. NĂŁo faça isso sĂł para quem vocĂȘ acha "fora da norma" o suficiente.
  • NĂŁo pergunte sobre conjuntos de linguagem pessoais em situaçÔes que podem ter que fazer alguĂ©m ter que decidir entre ser maldenominade e sair do armĂĄrio.
  • Se vocĂȘ estiver em uma conversa privada com alguĂ©m que vocĂȘ mal conhece e meio que precisa saber do conjunto de linguagem da pessoa, vocĂȘ pode reforçar que aquele conjunto Ă© sĂł para aquela conversa e que estĂĄ tudo bem se a pessoa decidir por outro conjunto no futuro.
  • Respeite pessoas que nĂŁo querem disponibilizar seus conjuntos de linguagem, mas tambĂ©m lembre-se de que hĂĄ pessoas que sĂł nĂŁo disponibilizam sua linguagem pessoal porque â€œĂ© para ser Ăłbvia”. Esta noção deve ser combatida.
  • NĂŁo fique pedindo desculpas ou se justificando ao se deparar com um conjunto incomum ou ao errar o conjunto de alguĂ©m. Se vocĂȘ errar, corrija casualmente logo em seguida ou ignore e tome nota para acertar da prĂłxima vez.
  • Se vocĂȘ estiver tentando muito e nĂŁo conseguir usar nenhum conjunto pessoal disponibilizado pela pessoa, peça um conjunto auxiliar, faça exercĂ­cios para lidar melhor com o(s) conjunto(s) da pessoa ou use -/-/- ("sintaxe neutra"/nenhum elemento especificado).


Dicas finais para pessoas cujos conjuntos frequentemente nĂŁo sĂŁo respeitados


  • Quanto mais vocĂȘ indicar seu(s) conjunto(s) (por meio de perfis, buttons, camisetas, etc.), melhor.
  • Tenha alguma pĂĄgina (ou panfleto/cartĂŁo fĂ­sico) de explicação, onde cada conjunto Ă© demonstrado por meio de exemplos. Um guia para ajudar nisso pode ser encontrado aqui.
  • Mesmo seguindo as dicas anteriores, tenha em mente que a maioria das pessoas nĂŁo se importa com sua linguagem pessoal, e acha que estĂĄ certa ao presumir. Esperar que pessoas se deem conta de que podem estar erradas ou que as normas culturais mudem para que conjuntos neutros universais sejam usados para qualquer pessoa que ainda nĂŁo disponibilizou sua linguagem provavelmente vai te frustrar a longo prazo.
  • Quanto mais tempo vocĂȘ esperar para introduzir sua linguagem pessoal e/ou corrigir pessoas em relação a ela, mais outras pessoas vĂŁo teimar nĂŁo usar sua linguagem, podendo atĂ© recusar o uso porque "antes tava tudo bem falar assim".
  • Muitas pessoas sĂł respeitarĂŁo sua linguagem ao serem pressionadas. NĂŁo tenha medo de corrigir pessoas prĂłximas em todas as oportunidades possĂ­veis, se nĂŁo houver perigo.
  • TambĂ©m nĂŁo se sinta mal ao cercar pessoas que te maldenominam de pessoas que usam o conjunto certo (ou um dos conjuntos certos), e que nĂŁo hesitam em corrigir cada erro.
  • Sua disforia relacionada com linguagem Ă© vĂĄlida (mesmo que vocĂȘ seja cis). Se vocĂȘ tiver que passar um tempo longe de quem te maldenomina, ou se vocĂȘ estiver desconfortĂĄvel com maldenominação, isso nĂŁo Ă© frescura ou algo vergonhoso, ridĂ­culo ou incomum.
  • VocĂȘ nĂŁo Ă© uma pessoa ruim, confusa ou chata por ter um conjunto incomum, ter vĂĄrios conjuntos, mudar de conjuntos frequentemente, querer conjuntos diferentes em situaçÔes diferentes, etc.
  • Ao apresentar seus conjuntos, Ă© preferĂ­vel que vocĂȘ nĂŁo dĂȘ muitas opçÔes, e que tais opçÔes sejam organizadas. Por exemplo, em um crachĂĄ, pode ser melhor vocĂȘ colocar um ou dois conjuntos ao invĂ©s de oito ou dez, e tente organizar vĂĄrios elementos em mais de um conjunto. Por exemplo, coloque em seu perfil que vocĂȘ usa a/ela/a, -/ele/e, le/ile/e e u/elu/u ao invĂ©s de dizer que vocĂȘ usa a/u/le/ela/ele/elu/ile/e/a/u.
  • Tanto na fala oral quanto na escrita, outras pessoas nĂŁo se corrigem se baseando no conjunto de linguagem que vocĂȘ estĂĄ usando. Isso significa que eu acho relativamente seguro dizer que vocĂȘ Ă© "ume alune" ao invĂ©s de "um aluno", por exemplo.
  • É verdade que elementos de conjuntos mais incomuns podem fazer com que seja mais difĂ­cil de alguĂ©m usar certo conjunto de linguagem, mas garanto que vocĂȘ nĂŁo precisa se confinar a conjuntos como (ĂȘ, e)/elu/e ou -/ile/e sĂł por serem mais espalhados/comuns. A maioria vai reagir com a mesma quantidade de confusĂŁo/raiva/etc. ao lidar com estes conjuntos em relação a conjuntos como y/ily/y, ze/elz/e ou i/ila/i. Recomendo usar o que ficar mais confortĂĄvel para vocĂȘ!

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